terça-feira, 7 de novembro de 2017

A ilha em mim



Sinto a ilha dentro de mim,
A ilha vive em mim e aprisiona-me agora tal como um dia me libertou...
Estou rodeada de mar,
Mar azul profundo
Tão profundo que me aprisiona!
Sinto-me presa nesta ilha pessoal,
Isolada, só...
Só, nesta angústia de querer fugir,
Querer partir de mim mesma!
Estou presa a mim e afogo-me nos meus tormentos,
Neste sentimento de impotência,
De grito que morre na garganta,
De lágrima que seca antes de brotar!
Nesta minha ilha dentro da ilha
Sinto a solidão,
O isolamento...
A beleza da ilha desvaneceu-se em mim...
A tua ilha, é tua, não é minha,
A tua ilha permanecerá onde está,
Porque uma ilha será sempre o que é:
Bela, mágica e só...

sábado, 28 de outubro de 2017

Sobreviver a ti



Chegaste aos poucos
Vindo do nada…
Cruzamos caminhos no passado
E no presente agora perene
Abalaste o meu ser.

Primeiro um devagar apressado
Agora uma pressa que me tolhe os sentidos,

Chegaste, preencheste um vazio
Um vazio repleto de dor e ressentimento...

Assustou-me a tua vontade
Assustou-me o meu querer

Agora, como numa ressaca
Sobrevivo a ti
A essa estória inacabada, interrompida …
Interrompida por mim

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Parti



Hoje disse-me adeus
Parti e deixei-me para trás
Despedi-me de mim
Sem grandes olhares
Sem despedidas chorosas

Talvez fique a saudade
Talvez não

Parti e libertei-me

Parti também de ti

Deixei-te para trás
É aí que vais ficar. 

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Errar


O querer o momento
E não poder
O coração quer, o corpo deseja
A mente rejeita.
O errado é o certo
O erro de querer-te
O erro deste desejo que consome
Mas quero errar,
Quero perder-me em ti
Encontrar-me em ti
E perder-me profundamente
No desejo proibido que me queima
Me enlouquece
É um erro e quero errar vezes sem conta
Saciar a  sede, a fome que tenho de ti
Quero errar agora!

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O tempo urge




O tempo urge enquanto te penso
Num desalento
De te querer ter
Mas não poder

Tive-te por uns momentos
Que eternizo na vã memória
De um dia tornar a ter

Penso que não quero, querendo
Quero-te
Um pouco ou muito...
E quero-te um instante,
Instante proibido
Porque querer mais é desafiar o destino

O tempo urge, a necessidade cresce
O desejo, esse prevalece!
Revejo-te na minha memória
E urgentemente recolho o desejo proibido
...  o tempo não perdoa...



Para ti*

sábado, 3 de junho de 2017

Voar

Ser livre como um pássaro
e ver o mundo a meus pés,
voar bem alto
tão alto que o mundo pareça uma formiga...
Deslizar pelas planícies,
esvoaçar pelas florestas,
sentir o cheiro do alecrim
e da alfazema no jardim...
Fechar os olhos,
voar sem destino,
até cansar, até cansar...

Sem tempo

Sinto o raio de sol que aquece a minha pele,
sinto o vento nos meus cabelos
ou a chuva no meu rosto
e vejo o mundo morrer aos poucos...
Porquê correr e acotovelar-se nas ruas
para chegar mais depressa?
Parem um instante!
Sintam o calor do sol,
o vento passar
e vejam a nuvem chorar!
Todos correm,
todos se apressam, 
sem tempo para sorrir,
sem tempo para viver,
sem tempo para amar...

Noite

Noite...
silêncio...
É neste silêncio calado e acolhedor
em que eu vivo o meu mundo...


No seio desta noite escura
mas cintilante de estrelas
penso, analiso, faço planos, tomo decisões!
Na noite vivo os melhores e os piores momentos,
é apenas na noite em que me sinto eu,
sem máscaras,
despida de tudo...
Noite maravilhosa
quero agradecer-te por estares comigo
e de contigo compartilhar
o que tenho de melhor:
eu sem máscaras,
eu verdadeira!

Meu sonho

Meu sonho,
meu mundo,
minha vida...
Tudo surgiu como num encantamento,
tudo de esvaiu sem razão...
Sonhei e acalentei este suspiro
como um sonho mágico, transcendente...

Nem me importava que fosse apenas um sonho...
Esse sonho preenchia-me, trespassava-me...

Mas agora já não consigo, não quero mais sonhar!!
Quero acordar!! Quero acordar!!

Tudo e nada

Tudo queria,
nada tenho...
Sempre te amarei,
nunca te esquecerei!
Sim! Eu quero-te!
Não! Não me deixes só!
Rir, já não consigo...
Chorar é o que faço...
Felicidade não a sinto,
tristeza é quem me acompanha...
Amparo não mo dás,
solidão é o que me resta...

O teu olhar

Perco-me no teu olhar,
esse olhar sorridente, transparente...
O teu olhar faz-me viajar,
perco-me nele e não me encontro...
No teu olhar tento ler o que me dizes,
mas por estar hipnotizada pelo teu olhar
não consigo decifrar
o porquê do seu brilho...
Esse teu olhar
que me deslumbra e me faz viajar!



Olhos de criança

Queria voltar a ser criança
e ver o mundo cor de rosa!
Queria voltar a ter 
aquele sorriso sincero e acolhedor!
Queria voltar a ser criança
e reviver as minhas fantasias
onde príncipes, fadas e bosques encantados
povoavam a minha imaginação!
Queria recuperar o meu olhar de criança
que perdi em troca de um olhar que me arrepia,
que me assusta.

Quando era criança era feliz pois nada sabia,
mas agora sei e entristeço-me
por ter perdido o meu olhar de criança
que me fazia viver num mundo de magia e encantamento...

Se tu quisesses

Embora nada tenha feito por mim
tudo teria feito por ti!
Se tu quisesses,
se tu me deixasses...
Se tu quisesses
teria ido até ao fim do mundo!
Se tu quisesses,
ter-te-ia amado até ao meu último suspiro,
mas tu não quiseste...

Quando a minha vida findar

Quando a vida findar,
olharei para trás e verei que a minha vida não teve sentido...
Reverei com amargura tudo o que não fiz,
tudo o que poderia ter feito,
tudo aquilo por que chorei...
Quando a minha vida findar
apenas sentirei que tudo foram frustrações,
sonhos não realizados...
Quando a minha vida findar,
morrerei sabendo que nada fiz,
que a minha existência foi inútil
porque tive medo de arriscar...
Quando a minha vida findar,
relembrarei que amei e não fui amada...
Quando a minha vida findar
tudo ficará pelo nada que sempre foi...

Vida vazia

                                                     


O que fiz da minha vida?
Que faço, aqui e agora?
Porque sou obrigada a levar esta existência terrena
com este peso,
esta culpa? 
Algo em mim morreu,
e nunca mais poderei recuperar esse pedaço de alma que partiu...
Era eu,
era parte de mim
e nunca saberei o que poderia vir a ter sido...
Queria gritar,
aliviar esta dor que late no meu peito,
mas não tenho forças...
Queria chorar,
mas chorar não me trará de volta o que perdi...
Restam apenas uma vida vazia,
uma dor e uma culpa...

quarta-feira, 20 de julho de 2016


EPÍLOGO

Com a cabeça apoiada em suas mãos recordava os momentos em que tinha sido feliz a seu lado. Ainda o amava ou simplesmente gostava de pensar que sim? Gostava da ideia de amar e ser amada, mas o que tinha não seriam apenas sombras de um passado não muito distante? Não sabia, procurava a resposta no seu íntimo e não encontrava a resposta. Era muito cobarde para dar um novo rumo à sua vida. Sentia-se menina e velha ao mesmo tempo. Velha para recomeçar, menina com medo de começar.
Tinha-lhe pedido, implorado, chorado, gritado que largasse aquele vício que o consumia e que os afastava. Acreditou demasiadas vezes nas suas promessas quebradas precocemente. A cada promessa uma esperança que se desvanecia com dor e amargura.
Pensou, idealizou que o seu amor seria mais forte que todos os vícios. Acreditava que o amor redimiria tudo e tudo venceria. Enganou-se uma e outra vez. Desesperada via os dias sucederem-se e nada mudava. O seu vício pelo álcool era mais forte que tudo. Mais forte que o seu amor-próprio, mais forte que todos os argumentos, mais forte que a sua própria vida agora frágil, mais forte que o amor que dizia sentir.
Com a cabeça repleta de dúvidas e o coração pejado de dor olhava-o e não compreendia. Não poderia compreender nunca.  
O que lhe restava? Desespero, amargura, tristeza? Uma mão-cheia de recordações doces? Não, não lhe restava nada. Sentia-se impotente nessa luta desigual que travou demasiado tempo, anos perdidos e ensombrados pelas constantes recaídas, pelas depressões que duravam meses e onde o sol raramente brilhava. A cada recaída era pior. A cada recaída o levantar-se era mais difícil. Tinham tido tudo. Uma vida plena, feliz, repleta de cumplicidades. O álcool fora uma constante ao longo dos anos em que estavam juntos. Antes mesmo até. Ela não ligou no início. Mas com o passar dos anos percebeu que num casamento não há lugar para 3. Um estava a mais. Era ela.
Demorou a consciencializar-se que quem estava a mais era ela. Não conseguia aceitar essa realidade. Pensou que com ela seria diferente. Nunca o é.
Levantou-se e com o coração partido em mil pedaços, saiu. Ele ficaria certamente triste, mas rapidamente afogaria as suas mágoas como sempre o fizera. Com ou sem mágoas. Não precisava de motivo. As coisas eram mesmo assim.
Estava na hora.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

ESPEREI-TE

Esperei-te,
E enquanto esperava, recordava,
Enquanto recordava, olhava.
Olhava e via
No tumulto das minhas lembranças
Revivia os sorrisos, os risos,
As mãos dadas, os abraços, os aconchegos,
As crises, os beijos da reconciliação...
E esperava-te...
Tal como todos os dias te esperei
Com o coração inquieto,
Repleto de dúvidas e esperanças....
Era mais um dia em que te esperava.
Nunca mais chegavas....
Inquietei-me...

Como o meu Sol apareceste,
Deste-me a mão e percebi
Que estavas aqui,
Como sempre, para sempre.
O(s) nosso(s) tempo(s)





Se vivesses no meu tempo
Ou eu vivesse no teu
Tudo seria diferente

Vivemos em realidades paralelas

O meu tempo já foi
O teu ainda será
Os nossos tempos desencontrados pelo tempo
Nunca se tocarão

Os nossos tempos são assim, distantes e paralelos
Paralelos até ao infinito

Se pudesse voar no tempo
era para ti que eu voava...
Para o teu sorriso quente,
Para o aconchego da tua alma de poeta
Repleta e incompleta


Mas não posso

O meu tempo já passou


Os nossos tempos são assim

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desenhei-me um dia numa tela:
À beira-mar sentada
a espuma acariciava-me e sonhava.
Sentia o vento

Via o céu.
...Mergulhei,
bebi desse sal
e fiquei parada à espera.
Peguei nessa tela incompleta improvisada
e à noite aqueci as minhas mãos
com o lume que fiz numa fogueira.


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Até breve


O outono chegou com as suas cores de mel e carmim... um frio pôr-do-sol, um vento levantava suavemente as folhas já caídas e arrancava mais algumas...
Os seus olhos semicerrados pelo sol que o encadeava ainda sorriam por saber que ainda cá estava... que ainda não tinha partido... um dia após o outro o outono de cores suaves transformou-se em inverno... as chuvas, o frio, a neve pintava os seus cabelos de branco e faziam-no sentir que estava na hora de partir... o momento do adeus tinha chegado... uma chuva de lágrimas rolou pelas faces... tinha chegado a hora... amanhã é primavera e a vida recomeça... apenas para alguns... mas para nós o teu sorriso permanece no eterno verão da tua memória repleta de luz, sol e vida!! Até breve!